O que me trouxe até aqui?

Das coisas marcantes da minha infância estão as brincadeiras com os primos na casa da vó Iolanda; as noites de estudo com a Tia Zinha; os banhos de mangueira, de chuva e no tanque no verão; os passeios de bicicleta pela cidade; os carteados a luz de velas em noites de tempestade com meus pais; a pequena lousa verde e os gizes coloridos, na qual escrevia sem parar simulando uma classe cheia de alunos e eu: a professora. Teve também o ballet, o coral da escola e o jazz, que me deram a oportunidade de viajar e conhecer vários lugares.

Na adolescência a rebeldia, a busca da confiança, de quem eu era, os amores não correspondidos, os meus cadernos de música, as leituras poéticas (meu livro preferido era Temporais, de Gibran), um monte de amigos, o desejo de estudar na capital e ir para o mundo.

Aos 18 anos parti para Porto Alegre para cursar a faculdade de direito, numa das melhores universidade que tive acesso. Foi o primeiro grande passo da menina Frederiquense. Era o que eu queria, mas como foi desafiador aquele primeiro ano sem família, sem tantos amigos e num cenário totalmente diferente.

Aos 19 anos o meu primeiro emprego, uma grande empresa, a responsabilidade. Agarrei aquela oportunidade e dei o meu melhor, logo me destaquei pela autonomia, comprometimento, determinação e trabalho.

Anos depois o trabalho me levou para Belo Horizonte e em seguida mudei para São Paulo. Vivi reestruturações, duas compras por outras grandes empresas e uma fusão. E desde 2004 fui gestora de equipe e entregava grandes resultados para empresa.

Em meados de 2007, estar onde estava, me possibilitou participar ativamente do atendimento das famílias das vítimas de um dos maiores acidentes aéreos do país, nada que vivi até ali tinha me exigido tanto e tinha me transformado tanto pessoal e profissionalmente.

E esse trabalho me fez, pela primeira vez, querer voltar e estar mais perto daqueles que amava. Eu morava sozinha em São Paulo, minha família seguia no interior gaúcho, meu namorado (hoje marido) morava em Porto Alegre. O que eu estava fazendo a mais de 1.000km deles? A questão era: A carreira que tanto gostava. Como ia renunciar a ela para estar mais próxima das pessoas que amava?

Como uma boa aquariana comecei a pensar que não fazia mais sentido com toda a tecnologia já disponível, as pessoas serem obrigadas a irem fisicamente para empresa todos os dias, ficarem horas no trânsito etc., etc., etc. Então me envolvi no desenvolvimento dos sistemas da área, porque já acreditava num futuro trabalho on-line, onde as pessoas poderiam trabalhar de qualquer lugar e continuar fazendo suas entregas com o mesmo resultado e qualidade.

Naquele momento não sabia como, mas queria conciliar a carreira, o desenvolvimento da carreira, com poder estar onde quisesse ou precisasse.

Em 2012 atingi um alto patamar em gestão de pessoas, tinha uma equipe alinhadíssima, se desenvolvendo, performando com excelência, um exemplo reconhecimento dentro da empresa. O que me levou a ser semifinalista em Liderança do Prêmio Walter Moreira Salles. Eu sabia que era uma boa advogada, mas era muito melhor no desenvolvimento e alinhamento daquelas pessoas, fazia a gestão das pessoas com um amor e com um brilho nos olhos que transcendem o que posso descrever aqui.

Em 2013 uma restruturação (que vou contar em outro artigo mais para frente) resulta na minha saída da empresa. Nesse momento estava muito exaurida, fui impactada pelos anos e anos de dedicação integral ao trabalho e precisei de uma pausa para me reorganizar física, psíquica e emocionalmente. E quando me senti pronta fechei a porta da advocacia e abri a porta do desenvolvimento humano.

Para realizar o meu trabalho como terapeuta comportamental além de toda a bagagem e treinamentos que já tinha feito, fiz inúmeras formações com os mais renomados nomes do coaching, mentoring, counseling, desenvolvimento pessoal, profissional e espiritualidade do mundo, certificações, pós-graduação e sigo minha jornada constante de estudo e aperfeiçoamento. E, também, não menos importante, sigo aprendendo com mentores que escolho a dedo para me guiarem na minha própria jornada de desenvolvimento.

Além disso, tomei uma outra decisão profissional muito importante, porque chegou a hora de escolher e eu podia escolher como iria trabalhar. Desde 2015 realizei o desejo de trabalhar somente on-line me conectando com os clientes que estão espalhados pelo mundo por salas de reunião via Internet.

Foi a hora de realizar o sonho de estar fisicamente onde e com quem quisesse, realizando a carreira que mais potencializava as minhas habilidades e que dava mais significado a minha existência.

Hoje já passaram por mim centenas de clientes, são mais de 5.000 horas de atendimentos e cursos, e os depoimentos que guardo e alguns que registro aqui são a inspiração que me mantem motivada a fazer sempre mais e melhor dia após dia.